A história recente como tema para a sala de aula dos professores de História na província de Buenos Aires é o tema dessa tese, orientada por Joan Pagès e Silvia Finocchio. O tema é importante para todos nós, mas no caso específico da Argentina, sua importância se coloca porque a ditadura militar e o terrorismo de Estado são ao mesmo tempo assuntos delicados, e que não saem da ordem do dia, tanto na opinião pública quanto na preocupação dos professores.
O objetivo da tese é trazer a tona os saberes e práticas de professores em relação à história recente. Para isso, a história faz um apanhado geral de como foi a história da Argentina nos últimos 40 anos, como se colocam os debates sobre história recente no mundo e na Argentina, e como se constituem historicamente os professores.
O conceito central, além de história recente, é o de memória. A metodologia principal utilizada, portanto, é a dos depoimentos orais. Alunos também são consultados, em entrevistas coletivas. Além disso, são analisados documentos educacionais e bibliografia referente ao tema.
A tese mapeia as dificuldades dos professores e da escola em lidar com temas controversos, seja em colocar os temas em discussão, seja em fornecer chaves analíticas que permitam aos alunos compreender melhor o período recente
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Ademar F. Mendes
ResponderExcluirMaria Paula aborda de maneira interessante o estudo da história recente na Argentina usando de depoimentos orais de famílias, alunos, professores. Nos depoimentos colhidos verfica-se que a história recente nas escolas é pouco abordada principalmente a ditadura militar. Há alunos que não estudaram sobre a última ditadura na Argentina. Em uma das entrevista a professora Sandra diz que não quer falar sobre a ditadura porque tem amigos desaparecidos, e a ditadura traz recordações dolorosas, percebe-se que o assunto ainda causa um certo medo em muitos argentinos, pois além da repressão violenta houve a guerra das Malvinas, cuja derrota Argentina trouxe consequências desastrosas para o país. Dos poucos alunos que estudaram sobre o período da ditadura militar frequentaram a escola pública, as privadas em sua maioria não abordaram o assunto, pois segundo Maria Paula são escolas católicas e a igreja apoiou a ditadura. Há professores que também comentaram que falta tempo para trabalhar com a história recente, talvez seja uma desculpa pois o assunto é de fundamental importância para os alunos e certos professores não querem abordar um tema tão polêmico o qual parece que é uma ferida aberta na história da Argentina. No Brasil também há muitos desaparecidos e ainda há o que se pesquisar sobre o assunto, pois tanto aqui como na Argentina militares e suas famílias fazem uma certa pressão para que os arquivos continuem fechados para pesquisa, há mais ou menos um consenso que o que passou não mais interessa é preciso viver o presente para construir o futuro.